Estação Ferroviária de Nine
A estação ferroviária de Nine é uma infra-estrutura da Linha do Minho e do Ramal de Braga, que serve a localidade de Nine, no concelho de Vila Nova de Famalicão, em Portugal.
Descrição
[editar | editar código-fonte]Localização e acessos
[editar | editar código-fonte]Situa-se no sudoeste da freguesia de Nine, no lugar da Estação; liga-se à EN304, a sudoeste, via Avenida da Estação, situada mormente no vizinho município de Barcelos; este arruamento tem a sua extremidade proximal no Largo da Estação, onde também desemboca a Rua da Estação, que segue para sudeste, bem como a Rua Padre Francisco Lima Novais (=EM562), que segue para noroeste; no lado oposto da via, a nascente, esta interface tem acesso pela Rua da Veiga e pela Rua Nova da Estação, por onde também se acede ao centro da freguesia (J.F.), distante pouco mais de um quilómetro.[3]
Infraestrutura
[editar | editar código-fonte]Esta interface apresenta sete vias de circulação, eletrificadas em toda a sua extensão, identificadas como I, II, IIA, II+IIA, III, IV, e V, com comprimento variando entre 162 e 595 m; as cinco vias de circulação com designações não incluindo "A" são acessíveis por plataformas de comprimentos entre 230 e 257 m, todas com alturas de 90 cm; existem ainda duas vias secundárias, identificadas como G1, G2, e G4, com comprimentos entre 60 e 272 m, das quais a última não se encontra eletrificada.[2][4] Esta configuração apresenta-se algo reduzida em comparação com a de décadas anteriores.[5][6]
Nesta estação o Ramal de Braga entronca na Linha do Minho no lado direito do seu enfiamento descendente, bifurcando-se a via para nordeste e possibilitando percusos diretos Porto-Braga e Porto-Viana, enquanto que o percurso Viana-Braga (desde a demolição da via de concordância) tem de infletir aqui. Fruto desse entroncamento, esta estação é um ponto de câmbio nas características da via férrea e do seu uso:
característica | Minho desc. | Minho asc. | Ramal | |||
---|---|---|---|---|---|---|
vias | Lousado | via dupla | Valença | via única | Braga | via dupla |
compr. máx. | Lousado | 520 m | Viana | 750 m | Tadim | 520 m |
reg. expl. | Lousado | RCAP | Valença | RCI | Braga | RCAP |
comunicações | Lousado | GSM-R + RSC | Valença | GSM-P | Braga | rádio |
Situa-se a norte desta interface, ao PK 41+460 da Linha do Minho, a zona neutra de Nine que isola os troços da rede alimentados respetivamente pelas subestações de tração de Vila Fria e do Ramal de Braga.[2] Imediatamente a sul da estação, a Linha do Minho transpõe o Rio Este em ponte ferroviária de via quíntupla.[3]
Serviços
[editar | editar código-fonte]Em 2016, esta estação era utilizada por serviços regionais, InterRegionais, internacionais, e urbanos.[7][8]
História
[editar | editar código-fonte]Planeamento
[editar | editar código-fonte]Os primeiros planos para a construção de uma linha férrea ao longo do Minho surgiram na década de 1840, tendo o empresário britânico Hardy Hislop proposto a construção de uma linha do Porto a Valença.[9] Porém, estes planos foram suspensos, e só em 1857, um ano após a inauguração do primeiro lanço ferroviário em Portugal, é que foi renovada a ideia de construir um caminho de ferro ao longo do rio Minho, quando o Conde de Réus sugeriu uma linha entre o Porto e a cidade espanhola de Vigo.[9] O governo foi autorizado a construir a Linha do Minho em 1867, tendo o Conde de Réus contratado um engenheiro português de fazer o traçado da linha, que percorria o interior desde o Porto até Travagem, seguindo depois pela orla costeira.[9] Porém, o governo encarregou um outro engenheiro para fazer um novo traçado, mas incluindo desde logo um ramal para Braga; este novo traçado também passava por Travagem, seguindo depois por Balazar e Necessidades até Esposende, onde continuaria ao longo do oceano, enquanto que o Ramal de Braga acompanharia o Rio Este.[9] No entanto, este percurso passava demasiado longe de Famalicão e Barcelos, pelo que o governo ordenou a realização de um novo traçado, onde já se demarcava Nine como o princípio do ramal para Braga.[9]
Entrada ao serviço e prolongomento até Midões
[editar | editar código-fonte]O troço entre Nine e Porto-Campanhã da Linha do Minho abriu à exploração em 21 de Maio de 1875, em conjunto com o ramal entre Nine e Braga.[10][11] A estação de Nine teria um duplo propósito, sendo não só o ponto de entroncamento com o Ramal de Braga, mas também um importante entreposto de mercadorias, para a redistribuição dos diversos produtos do Minho.[12]
O segundo troço da Linha do Minho, até Midões, entrou ao serviço em 1 de Janeiro de 1877.[13]
Século XX
[editar | editar código-fonte]Em 1936, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses realizou grandes obras de reparação na gare de Nine.[14] Em 1968, aquela empresa estava a planear um programa nacional para a renovação da via férrea, incluindo a remodelação integral do eixo entre Braga e Faro, e renovação parcial no troço entre Nine e Valença, a ser executado por um consórcio das empresas SOMAFEL, Somapre, A. Borie e A. Dehé.[15]
Na década de 1990, o Gabinete do Nó Ferroviário do Porto executou um plano para a instalação de sinalização electrónica em todas as estações e na plena via entre Porto - São Bento e Nine, e no Ramal de Braga.[16] Em 1996, previa-se que a sinalização também iria ser modernizada no troço seguinte da Linha do Minho, de Nine a Valença.[17] Em Janeiro desse ano, foi concluído o estudo prévio para a remodelação do troço entre Lousado e Nine.[18] Um dos principais fins deste programa de modernização era possibilitar a instalação de um serviço suburbano semi-rápido cadenciado entre São Bento e Braga, com paragem em várias estações pelo percurso, incluindo Nine.[18] O troço da Linha do Minho a Norte de Nine foi um dos alvos do Programa Operacional de Desenvolvimento das Acessibilidades (PRODAC), um fundo comunitário que esteve activo de 1989 a 1993, e que tinha como propósito melhorar as vias de comunicações no território português.[19]
CP Urbanos do Porto | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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(Serv. ferr. suburb. de passageiros no Grande Porto)
Linhas:
d L.ª Douro •
g L.ª Guimarães |
Século XXI
[editar | editar código-fonte]Em 2004, foi concluída a modernização e electrificação do troço entre Nine e Lousado, em conjunto com o Ramal de Braga, projecto que incluiu a ampliação e remodelação de todas as estações,[20] incluindo Nine,[carece de fontes] onde foi eliminada a Concordância de Nine (via IX), que possibilitava circulações diretas entre Braga e Viana do Castelo.[5][6][4] Antes destas obras, o edifício de passageiros situava-se do lado poente da via (lado esquerdo do sentido ascendente, a Monção).[21][22]
Em 2010, esta interface possuía cinco vias de circulação, que apresentavam entre 165 a 595 m de comprimento; as plataformas tinham 250, 240, 230 e 165 m de extensão, e uma altura de 90 cm[23] — valores mais tarde[quando?] ligeiramente alterados para os atuais.[2]
Ver também[editar | editar código-fonte]
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Referências
- ↑ a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ a b c d e Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
- ↑ a b «Cálculo de distância pedonal (41,45543; −8,54400 → 41,46477; −8,54605)». OpenStreetMaps / GraphHopper. Consultado em 10 de setembro de 2023: 1470 m: desnível acumulado de +41−3 m
- ↑ a b D. Plantel: Gare de Nine en 2016 (2016)
- ↑ a b “Sinalização da estação de Nine” (diagrama anexo à I.T. n.º 28), 1985
- ↑ a b D. Plantel: Gare de Nine (PK. 39.03) (1990)
- ↑ «Horário dos Comboios Porto < > Valença < > Vigo» (PDF). Comboios de Portugal. 28 de Junho de 2020. Consultado em 22 de Julho de 2020
- ↑ «Horário dos Comboios Urbanos do Porto < > Braga» (PDF). Comboios de Portugal. 28 de Junho de 2020. Consultado em 22 de Julho de 2020
- ↑ a b c d e FERNANDES, 1995:82-83
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1684). p. 91-95. Consultado em 5 de Outubro de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ MARTINS et al, 1996:227
- ↑ VIEGAS, 1988:49
- ↑ «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1652). 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 20 de Novembro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «O que se fez em Caminhos de Ferro durante o ano de 1936» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 49 (1179). 1 de Fevereiro de 1937. p. 86. Consultado em 12 de Novembro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Vão melhorar os serviços da C. P.» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 81 (1928). 16 de Agosto de 1968. p. 96. Consultado em 12 de Novembro de 2013
- ↑ MARTINS et al, 1996:159
- ↑ MARTINS et al, 1996:167
- ↑ a b MARTINS et al, 1996:227
- ↑ REIS e AMARAL, 1991:137
- ↑ REIS et al, 2006:237
- ↑ (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
- ↑ Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2011. Rede Ferroviária Nacional. 25 de Março de 2010. p. 67-89
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- FERNANDES, Mário (1995). Viana do Castelo: A Consolidação de uma Cidade (1855-1926). Lisboa: Edições Colibri. 185 páginas. ISBN 972-8288-06-9
- MARTINS, João, BRION, Madalena, SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado: O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
- REIS, Sérgio; AMARAL, João, Lda. (1991). Portugal Moderno: Economia. Col: Enciclopédia Temática Portugal Moderno 1.ª ed. Lisboa: Pomo - Edições Portugal Moderno. 211 páginas
- VIEGAS, Francisco (1988). Comboios Portugueses: Um Guia Sentimental. Lisboa: Círculo de Editores. 185 páginas